domingo, 27 de setembro de 2009

Dia de Outono


Sentámo-nos na sombra da árvore para que o calor que se faz sentir neste início de Outono não nos queimasse, olhamos um para o outro e as palavras não saíam. Não queríamos, nem eu nem tu, falar de algo que eu quero que cresça e que tu tens medo que evolua... não falamos... ficamos alguns minutos calados, a olhar apenas para a paisagem que nos circundava...para as aves que voavam e pousavam sobre as águas límpidas do lago que tínhamos à nossa frente, para os cães excitados com a relva, para os namorados... tudo se complicava na minha cabeça até decidir dizer alguma coisa! Falamos timidamente, ou eu não detestasse falar de coisas do coração, discordamos e entristecemos. Algo me disse para não insistir mais...naquele momento desisti de nós, parei, calei-me, levantei-me... vários flahbacks surgiram na minha cabeça enquanto caminhava sem destino, vários sentimentos fizeram o meu coração bater fortemente... até que uma lágrima escorregou, apressada, pelo meu rosto... andei mais rápido, sentei-me em frente ao lago sozinha e silenciosa, apenas rodeada pelo barulho de crianças a brincar... chorei e chorei... triste como já não me sentia assim à muito... tinha posto um ponto final no que existia até então! Eu tinha acabado. Passados uns minutos surge por detrás de mim uma sombra, que me agarra e diz para não chorar... Resisti um pouco mas o coração não foi forte para dizer não... agarrei-me a ti, como se não te visse à séculos, e não te larguei... ali percebi que não queria desistir, não queria acabar com tudo do tão pouco que ainda existia... o meu coração falou mais alto... e apesar de não ter tudo e de não me puderes dar tudo porque... por coisas que me ultrapassam... eu fiquei, eu insisti, eu beijei-te com carinho... olhei-te e vi a tristeza nos teus olhos verdes (que tanto gosto) molhados... ficamos ali parados, sem falar, só a olhar um para o outro... a minha saia insistia em esvoaçar com o vento que surgia por momentos, agarraste-me a perna e levantámo-nos... resolvemos caminhar... caminhamos e por vezes paramos a desabafar... disse-te coisas que achava que me podias dizer e não dizias, ouviste-me calado... não mencionaste nenhuma palavra! Caminhamos por longos minutos, separados, sem encostar, sem abraçar, sem dar a mão... completamente distantes um do outro... triste, eu lá andava cabisbaixa... decidimos parar e sentamo-nos novamente, rodeados de uma paisagem diferente... aí resolveste responder-me a tudo o que te acusava na caminhada... e eu, senti que tinhas ficado a reflectir de tal maneira, que eu não era apenas mais uma, que tu te preocupavas comigo, apesar dos medos que te assombram e dos pesadelos que não te deixam dormir! Eu fazia já parte de ti... voltei a agarrar-te e beijamo-nos ternamente... as coisas não acabaram neste dia, as nossas coisas iam-se manter, apesar de eu não ter garantias de nada eu não desisti de nós... (oh, como eu gosto de ti!!!) caminhamos em direcção ao carro com os nossos cornetos na mão... ficas-te em casa e despedimo-nos como se aquela conversa tão triste não tivesse existido... sorriste-me e eu tranquila segui o meu caminho até casa...

Eu não quero desistir de ti!

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